quinta-feira, 23 de abril de 2009

Meio metro de acorda

Eu chuto que ele tivesse por volta dos 14 anos. Na cabeça eu quero chamá-lo de Pedro. E dessa forma, talvez, consiga trazer para vocês uma idéia de que em seu rosto não havia expressão de sofrimento. Da pedra ele havia ganhado a aridez, dessa vez, não proveniente do sol invariável das 14h. Nosso Pedro descansava sua carroça de recicláveis, ainda vazia. O sinal fechado fazia dele fácil figura de constatação no cruzamento de grande circulação.

Eu podia vê-lo.

O protagonista ajeita sua calça amarrada com barbante. Pronto,o nó está justo. Dobra o cós da calça suja e o sinal abre.

Não podia deixar de notá-lo.

Sem julgamentos de valores eu ia confortavelmente no mini-clima do carro seguindo para mais uma aula do meu segundo idioma. A consciência do sofrimento alheio deveria ser maior do que o próprio? Seguimos rejeitando as balas de café oferecidas. E cenas de filmes como essa ainda tiram o sono de alguns.

Não o meu, claro.

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